quarta-feira, 20 de outubro de 2010

DEMANDA X QUALIDADE NA ASSISTÊNCIA.

Essa semana uma grande reflexão ficou circundando minha cabeça e resolvi dividir essas ideias com as pessoas que frequentam este blog: a questão é, até que ponto podemos deixar que alta demanda de serviço influencie na qualidade da nossa assistência.


Quando digo qualidade na assistência, falo num sentido amplo que vai desde pequenos gestos como lavagem das mãos até procedimentos complexos como sondagem vesical ou nasoenteral. Todos nós, que vivemos o dia-a-dia da UER, sabemos que prestamos muitos cuidados de maneira improvisada, nos locais errados, quebramos técnicas, sem material, sem privacidade e inúmeros outros problemas que nos defrontamos todos os dias. No entanto, nós fazemos, temos que fazer; aquelas vidas dependem de nós, elas não tem outra alternativa. E nós temos?


Sei que a maioria das pessoas se preocupa com isso (ou deveria se preocupar) e toda vez que tomamos essas atitudes, justificamos quase que sempre com a problemática da alta demanda, da falta de material, da urgência do procedimento, da falta de estrutura física. Não estou falando de justificativas para a chefia, para os médicos, para ouvidoria; justificativas para nós mesmos, afinal de contas, quando eu faço algo como passar uma sonda vesical no meio do corredor, sei que esta errado e, para mim mesmo, justifico esta injustificável alternativa pela demanda, pela necessidade... mas, até que ponto podemos ir??? Sei que se não fizesse isto ali, a paciente ia sofrer por horas com um bexigoma até que conseguisse um local adequado para o procedimento. Então o que fazer?


Acredito que todos que trabalham na UER sabem que é inadimessível a passagem de uma SVD com um material de curativo ou sem campo estéril; é inadimissível um paciente ficar por quatro, cinco, seis dias em uma maca sem tomar banho e outras tantas situações.


Ainda não consegui concluir a melhor forma de lidar com isto, mas, acredito que o primeiro passo é não nos calar. Precisamos nos unir. Temos instrumentos para lidar com esta situação, temos uma diretoria de enfermagem aberta a discussões; temos um colegiado gestor com representantes de todas as categorias; temos uma ouvidoria que tem um trabalho ativo; temos uma faculdade de enfermagem dentro do nosso ambiente de trabalho; temos um serviço de educação continuada.


Portanto, o que não podemos é nos acomodar e deixar o barco correr. Todos nós somos responsáveis pelas condições de trabalho que temos.


Por favor, não estou propondo uma revolta, boicote à assistência, nem nada do gênero. Estou incomodado com a situação e pensando como fazer melhor e, este desabafo tem o objetivo de unir um grupo e discutir o que podemos e como podemos fazer. Alguém tem alguma sugestão? Mandem sugestões, críticas, ideias, apoios ou desacordos com as ideias; tudo que fazemos na vida pode ser melhorado e a UER é um local que tem muito a crescer. Fazemos muito, mas podemos, juntos, fazer muito mais e melhor.

2 comentários:

  1. Boa Noite,
    Sou a liliane que passou semestre passado em estágio supervisionado na uer, lendo estes questionamentos comecei a reflitir sobre o que observei e pratiquei na uer.
    Concordo com tudo o que foi exposto e lembro de muitas vezes responder a questionamentos sobre a prática da uer (local e modo de realização dos procedimentos)com o fato da uer ter alta demanda de atendimento. Hoje lendo o texto e refletindo sobre a nossa prática, acredito sim que com mobilização e compromisso temos como aos poucos mudar esta realidade e praticar a assistência que sempre idealizamos.
    É isso, saudades de todos que tanto me ajudaram e ensinaram, e que farão parte eternamente de minha formação.
    Beijos lili

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  2. RAfa, sabe é muito difícil mudar tudo isso, por causa da demanda, mas melhoraria muito se tívessemos mais consideração dos mêdicos na agilidade dos casos menos graves...sei que é um hospital escola, mas deveria ser como em muitas instituição; o paciente passa pelo ´triagem de enfermagem, depois pela consulta mêdica e manda para sala de medicação já com sua provavel alta. Paciente não graves não deveriam usar o ps pra fazer coleta de sangue, porém caso isso aconteça, deveria retornar com horário marcado para verificar resultado. Deveria haver parceira com os posto de saúde para encaminhamento e acompanhamento dos pacientes não graves, isso até acontece mas não é uma regra...os mêdicos na triagem cada um trabalha de um jeito...não existe uma regra e tudo depende do plantonista, vc sabe disso...aquele que aceita tudo, aquele que é mais rigoroso. Acho que todos deverias falar a mesma lingua e seguir um mesma linha...
    Você sabe conte comigo para mudanças...
    Eliana Ortiz

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